terça-feira, 4 de agosto de 2009

Na dúvida, pés descalços

20 de Julho
Dia amanhecendo quando levanto. Confiro as últimas coisas. Repasso o check-list. Táxi caro (30,00). Embarque e desembarque tranqüilos. Nunca tinha feito conexão entre os termos e embarcação, apesar da obviedade. Engraçado.

A nau me entrega em Confins. Moça bonita - e acompanhada - na entrega de bagagens e no ônibus. Ônibus caro (7,30), por sinal. Uma hora de viagem. Serras, floresta, zona industrial. Fábrica de cimento, ou algo do gênero. Pó cinzento cobrindo a paisagem. Fumaça carregada, pesada. Dividindo atenção, ao longo do trajeto, entre a janela e Kurzweil, com quem converso sobre evolução, tecnologia e a primazia do raciocínio lógico cartesiano. Calor e abertura de janela. Vento fresco na Pampulha.

Rodoviária. Feia e suja, como as rodoviárias costumam ser. Predadores observam presas. Guardo bagagem, saio com o essencial. Procuro informações de como achar Diana Gebrin, meu contato em BH. Foi indicada por Fabiana, moça séria. Anunciou-se que seria boa gente. Nas informações, descubro estar mais próximo do que imaginava. O ORÁCULO não foi lá muito confiável, no fim das contas. Roberto, mulato baixo, com biotipo de nordestino (sem preconceito, maior parte da minha família vem de lá), me conduz até o ponto. No caminho, fala umas três vezes que vive dessas informações. Chegando lá, me pede 5,00 (caro, de novo). Sou estudante, pago 2,00. Pego o 1505, em direção à Teia.

Entro, peço ao cobrador que me avise do ponto onde descer. Cara de malandro. Cabelos espetados, óculos escuros. Jaqueta de esporte, chiclete. Desconfiado, vou prestando atenção, confiando mais no que tenho do que na boa vontade dele. No meio do trajeto, vem a informação errada. Atento, corrijo. Mulher me apoia, pergunta onde vou. "Rua Rio Negro". "Vou pra lá também". Seguimos conversando. Me acompanha até a porta da Teia.

Lá, conheço Diana, duas moças na entrada (se possível, descubro nomes). Uma delas é muito bonita. Diana me apresenta o lugar. Outra moça bonita trabalhando. Chale laranja, de tear. Blusa escura, talvez roxa. Ilha de edição, dois monitores. Diana está ocupada, se desculpa. Me dá seu endereço, um mapa de BH, oferece a casa e explica onde estará no fim do dia.

De mapa na mão, sigo pro Mercado Central. Faço o possível para visitá-los, sempre.

Mercado Central. Cheiros, gente, barulho. Seleção musical nos fones divide minha atenção com o lugar. Dou algumas voltas, fico perdido. Gosto de me perder em lugares assim. Cheiros dividindo as atenções. Carne crua, incenso, flores. Cerveja, fritura. Em algum lugar, almoço temperado a alho. Depois de vagar um tempo, decido comer.

"Casa Cheia". Passei pela porta na entrada. Como tem fila e cheira bem, deve ser confiável. Cara de estabelecimento velho, também. Antes do almoço, uma cerveja, em homenagem a Chico. Tomo uma SerraMalte, meio escura, amarga. Bem gelada. Tomo também essas notas. Hoje, no cardápio, frango. Com quiabo e angú ou com ora-pro-nóbis. Não faço idéia do que seja a segunda opção. Na dúvida, tradição (ou pés descalços, como nos aconselha Frank Herbert).

Almoço.

2 comentários:

  1. Ora-pro-nobis e'a folha de uma trepadeira espinhosa e muito dificil de ser colhida. Uma delicia da cozinha mineira. E' preciso voltar para experimentar o prato. bjs.

    ResponderExcluir
  2. Acertou nas impressões. O Casa Cheia é um barzinho tradicional e, como o nome diz, vive cheio, dada a qualidade. Complementando o que disse GM, quase tudo com ora-pro-nobis fica bom. Experimente tb a carne de porco. Tenho a impressão que o nome (orai por nós) deve-se ao fato de vc pecar por gula e solicitar a oração, pq vc perde a noção quando começa...

    Saudades da terrinha.
    Valeu a lembrança...

    ResponderExcluir